Paula Rego: Desenhar, encenar,
pintar
5 de Dezembro de 2019 a 8 de Novembro de
2020
Esta exposição reúne uma série de obras que
revelam o processo criativo de Paula Rego, através do qual constrói
um território figurativo único e pessoal, onde as histórias
funcionam como verdadeiras estruturas realistas.
Na sua obra multifacetada o desenho funciona desde
sempre como matriz e força transfiguradora das histórias. Nesta
exposição apresentam-se desenhos soltos e cadernos de desenho da
artista, alguns deles nunca vistos publicamente. Esta seleção
inclui variadíssimos desenhos livres, desenhos de modelo, desenhos
de composição que estabelecem as coordenadas de um trabalho final
habitualmente realizado através das técnicas da pintura ou da
gravura. Mas, em grande parte, estes desenhos são execuções
gráficas espontâneas, ideias firmadas, reafirmadas, ou mesmo
eliminadas e que só têm lugar naquele pedaço de papel,
constituindo-se como traduções diretas de uma experiência emotiva
numa imagem, reveladoras de um processo de visualidade
íntimo.
A partir dos anos 1990 a dimensão espetacular
presente no modo como constrói as obras confere-lhes o estatuto de
verdadeiros quadros vivos, onde as histórias contadas começam a ser
encenadas, representadas e reinterpretadas no seu estúdio, ganhando
vida própria através de modelos vivos que seguem as percepções da
artista e a sua própria versão das histórias. Quando não encontra o
modelo ideal, Rego cria o seu "boneco" tridimensional com uma
materialidade fabricada pela imaginação e com o mesmo impulso
artístico. Este processo criativo de encenação é trazido para a
exposição através da presença de modelos e outros elementos
cenográficos.
Destaque-se ainda a mais recente obra de Paula
Rego, Orgulho /Pride (da série
Sete Pecados Mortais) que é exibida pela
primeira vez em Portugal. Esta obra tridimensional, em
papier mâché, materiais e tecidos vários, e que
representa, em tamanho natural, a rainha consorte de França, Marie
Antoinette (1755-1793), é certamente o resultado de um trabalho de
continuidade com as criaturas fantásticas que executou entre 1977 e
1978. Durante esse período a artista criou uma série de bonecos em
tecido representando personagens dos contos populares:
A princesinha grávida; O príncipe
perfeito; A princesa da
ervilha; As três cabeças de oiro
e O gato das botas. A complexidade
deste novo trabalho escultórico, que integra outras figuras de
menores dimensões, será também o resultado da evolução natural do
seu processo de construção dos modelos utilizados para figurarem
nas pinturas.
Curadoria: Catarina Alfaro